“Seguros de colheitas não estão adequados à realidade produtiva”
Em entrevista ao Jornal Vida Económica, David Sousa, CEO da WWI do Grupo Rego afirma que “os seguros de colheitas não estão adequados à realidade produtiva “e realça o importante papel da F. Rego – Corretores de Seguros que, contrariamente ao que acontece nas apólices tradicionais, o pagamento das indeminizações não fica refém de peritagens demoradas. Pelo contrário, diz David Sousa, que lembra que “todo o trabalho de definição de prejuízos é feito aquando da celebração da apólice”, o que torna o pagamento das indeminizações muito mais célere.
“As principais barreiras à contratação de seguro por parte dos agricultores portugueses estarão relacionadas com a perceção geral da inadequabilidade do seguro de colheitas à realidade produtiva”, afirma o diretor da unidade Worldwide Insurance (WWI) do Grupo REGO. E “talvez mais importante”, diz David Sousa, é “o papel ainda muito ativo do Estado na compensação aos produtores através dos fundos de calamidade”. Em entrevista à “Vida Económica”, David Sousa deixa uma garantia aos agricultores: “contrariamente às apólices tradicionais, [no Grupo REGO], o pagamento das indemnizações não está dependente de peritagens morosas e complexas”, pois “todo o trabalho de definição dos prejuízos é feito no ato de celebração da apólice”. Assim, “o pagamento das indemnizações é muito mais célere do que na generalidade da atividade seguradora”.
TERESA SILVEIRA // teresasilveira@vidaeconomica.pt
Vida Económica – A WWI [Worldwide Insurance], unidade especializada do Grupo REGO, disponibilizou uma solução, designada de riscos paramétricos, adequada a produções em ambiente aberto e que garante o pagamento de determinadas percentagens do rendimento projetado em função da variação (dentro de limites fixados) da produção. Qual é a mais-valia desta solução? David Sousa – Quando em 2009 analisámos a oferta de mercado para o setor agrícola, deparámo-nos com a predominância, quase monopolista, de soluções tradicionais, cujo prémio é comparticipado, e de forma relevante, diretamente junto nas seguradoras. Verificámos ainda um decréscimo persistente do número de produtores aderentes à solução de colheitas tradicional. O que, segundo percecionámos, se deve à reduzida adequabilidade do produto às necessidades reais dos segurados. De uma forma geral, o seguro de colheitas, apesar do benefício decorrente da bonificação do prémio, pode não garantir integralmente a produção, nem valorizar corretamente a colheita que visa garantir. VE – Foi aí que procuraram oferecer outra solução? DS – Foi precisamente com base nos constrangimentos referidos, e após incorporarmos uma solução para o setor de produção em estufa, que procurámos nos mercados internacionais uma solução que acomodasse as novas exigências dos produtores, simplificando o processo de regularização de sinistros. O seguro de paramétricos é uma solução ‘feita à medida’ de cada produtor, que assenta em pressupostos de adequabilidade na contratação e objetividade na regularização.
VE – E como é feita a avaliação dos riscos de perda da atividade agrícola? DS – Um dos fatores inovadores incide precisamente sobre a questão do pagamento das indemnizações. Na realidade, ao serem definidos os parâmetros da cobertura e os índices que são medidos, o pagamento ocorre no momento em que o ‘gatilho’ (‘trigger’) que é definido previamente nas condições da apólice é ativado. Em resumo, é previamente negociado e definido o ‘gatilho’ ou limiar que ativa a cobertura, dando automaticamente lugar ao pagamento da indemnização, nos termos também previamente acordados no momento da subscrição da apólice. VE – Qual é o prazo máximo dentro do qual a vossa seguradora se compromete a indemnizar os clientes em caso de perdas? DS – Contrariamente às apólices tradicionais, o pagamento das indemnizações não está dependente de peritagens morosas e complexas, na medida em que todo o trabalho de definição dos prejuízos é feito no ato de celebração da apólice, baseando-se a validação dos danos em medições estatísticas de produção ou rendimento, ou dependendo dos casos dos dados das estações meteorológicas. Assim, o pagamento das indemnizações neste tipo de contratos é muito mais célere do que na generalidade da atividade seguradora. VE – Em Portugal, apesar de começar a haver outra sensibilização para o problema, fruto até das alterações climáticas, cerca de 75% dos agricultores ainda não fazem seguros de colheitas. Como se consegue a adesão de mais agricultores? Com novos tipos de coberturas? Com uma redução dos prémios das apólices? DS – Creio que as principais barreiras à contratação de seguro por parte dos agricultores portugueses estarão relacionadas com a perceção geral da inadequabilidade do seguro de colheitas à realidade produtiva. E, talvez mais importante, o papel ainda muito ativo do Estado na compensação aos produtores através dos fundos de calamidade. Entendo que isto é que poderá estar na base da resistência dos agricultores à contratação de seguro. Mas um outro fator de destaque é a elegibilidade dos produtos de seguros desta natureza para serem comparticipados pelo Estado português.
Grupo REGO celebra 40 anos
O Grupo REGO foi criado por Fernando Rego em 1979, com a criação da F. REGO – CORRETORES DE SEGUROS. Mantendo uma matriz fundamentalmente técnica, com especial preponderância nas áreas ‘corporate’ e institucionais, o Grupo, constituído hoje por cinco empresas em Portugal e várias participadas em Portugal e no estrangeiro, tem presença direta em Lisboa, Porto, Coimbra, Madrid, Barcelona e São Paulo. Mas, através de alianças e acordos internacionais, pode prestar serviços em mais de 80 países. No ano em que celebra 40 anos de atividade, o Grupo REGO orgulha-se de manter “uma estrutura acionista familiar, com um forte ADN, uma gestão moderna e profissional, encarando com otimismo os desafios do futuro”, refere David Sousa à “Vida Económica”. O ano 2018 foi um ano de consolidação e investimento. O Grupo registou um volume de negócios, em Portugal, superior a cinco milhões de euros e, globalmente, próximo dos 10 milhões.